A alma de uma start-up

Existe algo essencial e intangível nas start-ups — uma energia, uma alma. Ela inspira entusiasmo e promove um senso profundo de conexão e propósito compartilhado. Enquanto esse espírito permanece, o engajamento é alto e os negócios mantêm sua vantagem competitiva. Mas, com frequência, as empresas perdem essa alma à medida que amadurecem. Elas adicionam novos sistemas e estruturas, contratam profissionais experientes — e, nesse processo, acabam esmagando o espírito original que as energizava. Em pesquisas com mais de uma dúzia de empreendimentos de rápido crescimento e mais de 200 entrevistas com fundadores e executivos, o autor desse artigo publicado no HBR em 2019, descobriu como as empresas podem superar esse problema. Seu trabalho mostra que existem três dimensões cruciais para a alma de uma start-up:

  1. a intenção do negócio, ou seja, um motivo mais elevado para existir;
  2. conexões extraordinariamente próximas com os clientes; e
  3. uma experiência do colaborador marcada por autonomia e criatividade — com voz e escolha.

As três dimensões proporcionam significado para os envolvidos. Com base nas experiências da Netflix, Warby Parker, Study Sapuri e outras, este artigo descreve como empresas de porte considerável ainda podem proteger e nutrir esses três elementos. Fazer isso é o segredo para continuar excelente à medida que se cresce.

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A única coisa que você precisa saber sobre a gestão de funções

Existe um segredo sobre estratégia que ninguém conta: toda função tem uma, quer esteja ou não documentada, quer seja ou não fruto de um processo formal de planejamento estratégico. Se as funções não adotarem uma estratégia de forma consciente, acabam quase inevitavelmente caindo em um de dois modelos inconscientes, ambos propensos a fazer com que a função se torne um peso para o desempenho da empresa, em vez de uma força motriz. A maioria dos líderes reconhece que empresas e unidades de negócio precisam de estratégias. Mas, quando se trata de funções corporativas — serviços compartilhados como TI, RH, P\&D, finanças e similares — a necessidade de uma estratégia é menos compreendida. Em muitas organizações, essas funções simplesmente existem, servindo à empresa da maneira e na escala que as unidades de negócio determinarem. Neste artigo, os autores descrevem os problemas decorrentes dessas estratégias inconscientes e apresentam um modelo de formulação estratégica para ajudar as funções a fortalecerem as capacidades que diferenciam suas empresas.

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A nova era da política industrial chegou

Governos de todo o mundo estão intervindo cada vez mais no setor privado por meio de políticas industriais projetadas para ajudar setores domésticos a alcançar objetivos que, sozinhos, os mercados dificilmente conseguiriam atingir. Empresas em setores-alvo, como montadoras de automóveis, companhias de energia e fabricantes de semicondutores, podem enfrentar mudanças drásticas em seus ambientes operacionais. A política industrial pode criar novos custos ou oferecer incentivos financeiros significativos para mudar investimentos em pesquisa e desenvolvimento ou em fabricação. Elas também podem incentivar as empresas a alterar suas redes de fornecedores ou mudar seus parceiros comerciais. Gestores que cresceram em mercados sem essas intervenções estão agora enfrentando um ambiente desconhecido.

Neste artigo, o professor Willy C. Shih da Harvard Business School descreve algumas abordagens políticas e oferece um modelo para responder a elas. Líderes empresariais precisam compreender os interesses concorrentes que moldam as políticas, envolver-se e educar líderes políticos e suas equipes, colaborar com parceiros a montante e a jusante, e avaliar os prós e contras de aceitar incentivos governamentais.

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Deve-se lançar produtos durante uma recessão?

Recessões econômicas são assustadoras. Os consumidores reduzem os gastos, as empresas cortam custos e todos aguardam ansiosamente a recuperação da economia. Em um cenário como esse, a decisão de lançar produtos — um empreendimento caro e incerto mesmo nos melhores tempos — pareceria fazer pouco sentido. No entanto, um novo estudo revela que produtos lançados durante recessões superam outros em várias medidas importantes. Mesmo que as pessoas tendam a limitar os gastos durante as crises, o momento pode trazer vantagens por várias razões: há menos barulho no mercado, o que facilita a diferenciação de produtos e a captação da atenção dos consumidores; o custo de veicular anúncios costuma ser menor; e seguir adiante com novos produtos em meio a uma economia fraca é frequentemente percebido como um sinal de saúde corporativa. Este artigo destaca outros insights importantes da pesquisa e oferece orientações sobre o melhor momento para lançamentos de produtos.

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Por que empreendedores deveriam pensar como cientistas

Em um estudo recente sobre startups europeias, uma técnica consistentemente melhorou o desempenho: o método científico, uma disciplina secular de formular, testar e ajustar hipóteses. Os empreendimentos que o empregaram geraram mais receita do que aqueles que não o fizeram e também foram mais propensos a abandonar ideias inviáveis, algo necessário para empresas em estágio inicial. A chave para mudar de direção é focar não nas suas ideias, mas nas respostas dos seus experimentos, que devem fornecer insights sobre a demanda dos clientes e os pontos problemáticos da indústria. Essa abordagem ajudou a Osense, uma start-up focada em tecnologia para rastreamento de emissões de carbono, a encontrar seu modelo de sucesso. Sua primeira ideia era o aluguel de produtos entre pessoas e a segunda era uma plataforma para aluguel de veículos elétricos. Se não tivesse aplicado o método científico, “teríamos acabado com um produto que não era viável”, diz o cofundador Cosimo Cecchini.

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Liderando equipes globais de forma eficaz

Gestores ocidentais que lideram equipes globais enfrentam um desafio: sua experiência e formação geralmente estão enraizadas em contextos individualistas e enfatizam valores como autonomia, empoderamento, igualitarismo e autenticidade. No entanto, mais de 70% da força de trabalho mundial provém de culturas coletivistas e hierárquicas. Para ter sucesso, os gestores precisam desenvolver “inteligência cultural” — uma fluência para se adaptar a situações culturalmente complexas. Um bom ponto de partida é compreender quatro erros comuns que prejudicam líderes ocidentais: autonomia em excesso. A autonomia não é igualmente motivadora para todos. Algumas pessoas prosperam quando recebem processos claros e têm dificuldade em ser produtivas na ausência de uma liderança diretiva. Segurança psicológica em excesso. Pessoas de culturas coletivistas muitas vezes se sentem desconfortáveis com a ênfase no debate aberto e na franqueza. Ênfase excessiva nas diferenças. Quando as pessoas ficam excessivamente confiantes na compreensão das diferenças culturais, isso pode levar a um pensamento rígido, em que o comportamento é reduzido a estereótipos. Transparência em excesso. Para pessoas de culturas que valorizam a preservação da imagem, pode ser desorientador ouvir um líder falar abertamente sobre um erro. A inteligência cultural é a chave para navegar essas complexidades em equipes multiculturais.

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O que o botão LIKE (curtir) pode nos ensinar sobre inovação

A invenção do botão curtir, que hoje pode ser encontrado em toda a internet, transformou a publicidade e o marketing digital e impulsionou o crescimento da indústria de mídias sociais. Embora a maioria das pessoas atribua sua criação ao Facebook, o botão foi, na verdade, utilizado de alguma forma por várias empresas anos antes de o Facebook adotá-lo. Na realidade, após três anos de pesquisa sobre suas origens, os autores não conseguiram identificar um único inventor do botão. E é isso que torna a história de sua origem tão instrutiva. O design e o desenvolvimento do botão curtir podem ser considerados um pequeno estudo de caso sobre a verdadeira natureza da inovação — que é distribuída, imprevisível e muito mais modesta em ambição do que as narrativas heroicas de inovação costumam sugerir. Isso tem implicações importantes para os gestores, que precisam parar de tentar controlar rigidamente a inovação e aprender a abraçar sua natureza bagunçada e iterativa. Para ter sucesso, eles precisarão estar abertos a surpresas, legitimar inconsistências, incentivar contribuições diversas e equilibrar processos estruturados com flexibilidade e curiosidade.

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Você está perdendo oportunidades de crescimento para sua plataforma?

Sete das 10 empresas mais valiosas do mundo no início de 2025 lançaram negócios baseados em plataformas, assim como mais de 60% das startups unicórnio. Muitas empresas que não começaram como negócios de plataforma — de varejistas como Walmart e Amazon a fornecedoras de software como Salesforce e ServiceNow — também aceleraram com sucesso seu crescimento por meio de estratégias de plataforma. Mas inúmeras empresas perderam oportunidades de crescimento. Por que uma empresa de plataforma consegue crescer enquanto outra não?

A pesquisa dos autores desse artigo publicado no periódico HBR aponta para quatro razões principais:

  1. empresas malsucedidas não consideram de forma sistemática todas as opções de crescimento;
  2. acreditam erroneamente que precisam possuir todos os tipos de interações que ocorrem na plataforma, sem perceber que grandes oportunidades de crescimento frequentemente residem em não possuir essas interações;
  3. ignoram opções de engajamento com empresas que podem agregar valor ou até mesmo transformar seus negócios;
  4. e não identificam um tema central forte que amplie seu escopo. Este artigo oferece orientações para superar esses obstáculos ao crescimento.

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Elaboração enxuta da estratégia corporativa

A maioria das empresas entende os benefícios de padronizar processos críticos: redução de variação, maior produtividade e qualidade, e redução de custos. No entanto, tendem a abordar decisões estratégicas de maneira completamente diferente, acreditando que cada uma é única e exige um processo personalizado. Como resultado, lidam com decisões semelhantes de formas muito distintas. Essa inconsistência as torna mais lentas e leva a escolhas subótimas e resultados insatisfatórios — um problema evidente em uma pesquisa com executivos realizada pela Bain & Company. No entanto, não há razão para que o processo estratégico não possa se tornar um trabalho padronizado, assim como são os processos de fabricação. Diversas empresas líderes mostram como isso é possível. Seus executivos enfrentam a tomada de decisões estratégicas em três etapas: primeiro, definem prioridades articulando uma ambição de desempenho, comparando-a com uma projeção plurianual e identificando os problemas que precisam ser resolvidos para fechar as lacunas entre ambas. Esses problemas são inseridos em um backlog estratégico. Em seguida, para cada item do backlog, coletam dados de forma metódica, exploram alternativas e tomam decisões e compromissos altamente específicos. Por fim, monitoram o sucesso no cumprimento desses compromissos, fazendo ajustes e, se necessário, retornando os temas ao backlog. Ao adotar uma abordagem rigorosa para a estratégia, essas empresas conseguem reduzir desperdícios, agir com mais rapidez, tomar decisões mais acertadas e obter vantagem competitiva.  Continuar lendo Elaboração enxuta da estratégia corporativa