Estratégia orientada por propósito

Em 8 de novembro de 1945, o Grupo Mahindra, então com pouco mais de um mês de existência, publicou um anúncio no maior jornal diário em circulação em inglês da Índia, The Times of India. O anúncio não mencionava nenhum produto ou serviço. Em vez disso, listava os princípios fundamentais pelos quais a empresa operaria. Destacava o papel do indivíduo dentro da empresa e, publicado enquanto a Segunda Guerra Mundial estava chegando ao fim e o movimento de independência da Índia ganhava força, enfatizava o papel das corporações na promoção de uma sociedade mais coesa. 

Incluía um chamado à ação para “elevar o padrão de vida das massas” e enfatizava que “precisamos da cooperação daqueles que mais se beneficiarão – o público em geral.”

Hoje, podemos chamar esse anúncio de uma declaração de propósito. Os princípios estabelecidos naquela época ainda formam a base do propósito do Grupo Mahindra e o resumo que agora usamos para isso: “Rise.” Nosso lema moderno, refinado ao longo das décadas, é “Impulsionando mudanças positivas, permitindo que as pessoas se elevem.” É a razão pela qual me juntei à organização e é a razão pela qual permaneci.

Só posso admirar a presciência dos primeiros líderes da Mahindra por seu compromisso inicial com princípios orientadores que enfatizavam não apenas o sucesso empresarial, mas também o bem maior. Em 1962, Peter Drucker também escrevia sobre “Grande Negócio e o Propósito Nacional” nessas páginas, clamando por mais “responsabilidade social” corporativa. Ele afirmava que uma grande empresa não é “um ‘assunto privado’ e preocupação apenas de seus acionistas, executivos e funcionários”; em vez disso, é “um ativo comunitário e ‘público’ em sua conduta, em seus costumes e em seus impactos.” Reflexões adicionais sobre ética na gestão, indo além da estratégia para o propósito, visão corporativa, o que é um negócio e valor compartilhado seguiram-se de uma série de luminares da gestão, incluindo Jim Collins, Charles Handy e Michael Porter.

Durante todo esse tempo, a Mahindra manteve seu propósito firme, e descobrimos que esses princípios fundadores resistiram ao teste do tempo e nos guiaram através de mudanças socioeconômicas sem precedentes. Eles nos ajudaram a ter sucesso em uma variedade de negócios, desde automotivo até agricultura, finanças e viagens, a abraçar tecnologia de ponta e a liderar um movimento em direção a padrões ambientais e éticos melhorados. Por exemplo, começamos a desenvolver e investir em descarbonização bem antes do surgimento de fundos ESG e investimentos socialmente responsáveis. A adesão aos nossos princípios fundadores permitiu ao Grupo Mahindra não apenas acompanhar os tempos, mas também avançar à frente deles.

Há outra linha nesse anúncio que quero destacar: “Nem cor, nem credo, nem casta devem impedir o trabalho harmonioso.” Mesmo na década de 1940, aqueles na Mahindra sabiam que, para a organização ter sucesso e servir à sociedade, seria necessário priorizar a diversidade e a inclusão. Vivemos em um mundo desigual que nos divide uns dos outros. Empresas orientadas por propósito têm o potencial de criar um mundo mais igualitário. Somente quando permitimos que outros se elevem é que nos elevamos.

Fonte:

Periódico Harvard Business Review, novembro de 2022

Autor:

Anish Shah – CEO da MAHINDRA