Agronegócio: Marketing, Tecnologia e RH – por uma inovação constante

Veremos nesse artigo uma coletânea de textos e entrevistas de importantes pensadores e administradores sobre o marketing, tecnologia e recursos humanos.

A Revolução do agronegócio

Entrevista de João Paulo Koslovski ao portal Salário BR

Atualmente, o mercado de agronegócios vive uma verdadeira revolução, principalmente no que se refere à tecnologia, com a introdução de muitas inovações.

Como a área vem passando por diversas transformações, a grande pergunta é: o Brasil tem mão de obra especializada para atuar nestas funções?

Para entender mais sobre este assunto, o Salário BR conversou com o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski. Confira a entrevista:

Em sua visão, o que está ocorrendo com o mercado de agronegócios atual?

O agronegócio passa por uma grande transformação e está cada vez mais se profissionalizando e se inserindo no mercado internacional. O mercado está mudando o foco, deixando de ser apenas uma atividade dentro da porteira (atividade agropecuária) para uma visão de cadeia produtiva, integrando o fornecimento de insumos e fatores de produção, com a produção dentro das unidades agrícolas, o processamento, agroindustrialização, distribuição e vendas no varejo.

Para chegarmos nesta situação foram necessários muitos investimentos públicos e privados em pesquisa e inovação, bem como na profissionalização das pessoas envolvidas no agronegócio.

O agronegócio vive uma revolução tecnológica com a introdução de inovações que resvalam até mesmo em simples aplicações de defensivos. Isso é positivo? Quais são as novas competências exigidas para a área?

A evolução tecnológica iniciou com a revolução verde há 40 anos, e trouxe importantes avanços para o setor e com resultados altamente positivos. Trouxe a oportunidade dos produtores rurais utilizarem sementes melhoradas, fertilizantes, máquinas e equipamentos agrícolas e permitiu que o Brasil se transformasse de importador para o 2º maior exportador de alimentos do mundo. Hoje, o Brasil é líder mundial nas exportações dos setores sucro-alcooleiro, citrus, fumo, complexo soja e carne bovina, bem como expressiva produção e exportação de frangos, suínos, milho, frutas, madeira e lácteos.

Na década de 1970, o Brasil também foi pioneiro no cenário mundial com a adoção do sistema de plantio direto que é altamente sustentável.

Recentemente, no final da década de 1990, iniciou outra revolução impressionante que foi a biotecnologia com ganhos de produtividade e de qualidade dos produtos, com a redução do uso de agroquímicos.

Quanto à mão de obra, estão sendo investidos consideráveis recursos para qualificar tanto os produtores, quanto os profissionais que atuam no setor, pois no uso em larga escala da agricultura de precisão, máquinas modernas, automação dos processos, industrialização da agricultura são necessários cada vez mais conhecimentos em tecnologias agronômicas, bem como, tecnologia da informação e de gestão.

Hoje, existem mais de 40 MBAs nesta área só no Paraná. Como foi desenvolvida esta estrutura?

O cooperativismo do Paraná é pioneiro na profissionalização dos colaboradores, dirigentes e cooperados. Na verdade, hoje existem por volta de 44 MBAs em andamento no Paraná, através do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – Sescoop Paraná.

Esse preparo de milhares de pessoas que atuam no campo e nas cooperativas, também passa pela realização de mais de 4,5 mil eventos por ano e com aproximadamente 130 mil pessoas. Sem falar dos inúmeros treinamentos realizados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, o Senar Paraná, vinculado ao Sistema Faep. Isto é o que nos dará um importante alicerce para o futuro, afinal, somente com o conhecimento é que podemos nos desenvolver de forma sustentável.

A demanda é natural, conforme nossas cooperativas vão evoluindo e crescendo há necessidade de melhoria e ampliação dos serviços prestados. Isso força os profissionais a se capacitarem para fazer frente à competição com as empresas do mercado, que é altamente competitivo e, no caso do agronegócio, também concentrado na propriedade de poucas empresas, que nos últimos anos atuam tanto no fornecimento de insumos, quanto na comercialização e industrialização da produção. Nos demais estados também cresce a demanda por MBAs, mas como o cooperativismo apresenta uma menor representatividade e participação na economia dos estados, a demanda também é um pouco menor.

O que acontece com os trabalhadores que já estavam na lavoura? Eles migram para outros trabalhos ou simplesmente perdem o emprego?

Com a economia aquecida nos últimos anos, e a taxa de desemprego, segundo o IBGE, em 5,7%, esses mesmo trabalhadores buscaram alternativas em outros setores, principalmente na construção civil ou atividades agroindustriais em suas regiões. Muitas cooperativas que atuam no abate de frangos na região Oeste também absorveram boa parte dessas pessoas em seus frigoríficos. Muitos dos trabalhadores da área canavieira foram capacitados pelas entidades do Sistema S e hoje exercem outras atividades no setor.

Dá para se ter uma estimativa de quantos funcionários existem hoje no agronegócio?

As estatísticas do Ministério do Trabalho (CAGED) dão conta de que 37% da população economicamente ativa brasileira atua no agronegócio, com concentração cada vez maior nas atividades de agroindustrialização e distribuição de alimentos, uma vez que atividades que demandam muita mão de obra como colheita de algodão, feijão, milho e cana-de-açúcar, atualmente são altamente mecanizadas.

Qual é o futuro do agronegócio e, consequentemente, do capital humano deste setor?

Acreditamos que será altamente promissor e com o Brasil ocupando cada vez mais o papel de protagonista no abastecimento alimentar mundial. Informações recentes da FAO estimam que até 2019 a produção de alimentos no Brasil crescerá 40%, exatamente o dobro da média dos demais países.

No entanto, com esse crescimento tão expressivo iremos deslocar/tomar espaço de países protagonistas nesse cenário. Nesse sentido, temos que ter produtores e profissionais muito bem qualificados para a produção ter a qualidade demandada pelo mercado e atender aos padrões técnicos, ambientais, sanitários e sociais para não sermos questionados por nossos concorrentes. Finalizando, a diferença do agronegócio brasileiro está no capital humano que é comprometido com os resultados do setor e busca cada vez mais a profissionalização para fazer frente à demanda exigida pelo mercado.


 

Revolução do agronegócio: profissionais preparados para a gestão de dados

Artigo publicado no AgroBrasilia

Por José Luiz Tejon Megido, Conselheiro Fiscal do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM, Comentarista da Rádio Jovem Pan:

As novas máquinas agrícolas são cada vez mais inteligentes. Os pulverizadores, plantadeiras, colheitadeiras e tratores vêm com sensores, georeferenciamento, e isso permite ajustes imediatos com respostas em até 3 segundos.

Essas novas máquinas inteligentes serão as responsáveis por aumentar a produção de alimentos com diminuição de custos. Foram analisadas 100 dessas máquinas com inteligência artificial, no campo brasileiro, e o que se observa é que não sabemos extrair desses equipamentos metade do que eles podem oferecer.

Ou seja, a nova revolução que iremos viver no agronegócio dos próximos 10 anos não será mais uma geração de equipamentos com inteligência artificial, o que permite a um intervalo veloz de até 3 segundos, mudança de aplicação de defensivos, adubo, ou sementes, conforme as variações de solo ou demais fatores. A grande revolução estará na formação de pessoas preparadas para essa gestão de dados.

Não mais a força dos músculos, agora será cada vez mais a força dos neurônios, novos operadores e profissionais na agropecuária. Isso quer dizer educação, a inteligência humana precisará dominar a inteligência artificial das novas máquinas agrícolas.

Do mesmo autor, publicado no portal da CNA:

Existe uma revolução no agronegócio iniciando e em andamento no Brasil, chamada de ILPF (Integração Lavoura, Pecuária e Floresta). Isso significa que numa mesma propriedade os produtores vão gerenciar, ao mesmo tempo, a produção de grãos, de vegetais, com gado, a proteína animal, e ainda gerar árvores, inclusive frutíferas, ou mesmo nativas.

Tudo ao mesmo tempo, com ganhos sensacionais em sustentabilidade e na imagem do agro brasileiro para o mundo. Mas uma pergunta que se faz é: isso é mais lucrativo para os produtores? Quer dizer, dá mais trabalho, é melhor para a sustentabilidade, mas como fica no bolso do agricultor e do pecuarista?

E a resposta é sim: também dá mais lucro. O sistema Integração Lavoura, Pecuária e Floresta oferece um retorno sobre o investimento, maior do que o sistema exclusivo de agricultura ou só de pecuária. Ou seja, dá mais lucro adotar ILFP. O pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Julio Cesar dos Reis, explica que cada passo é particular, pois são muitos os fatores que influenciam nos custos e nas receitas.

Foram analisadas quatro unidades de referência tecnológica e econômica em Mato Grosso, tanto em propriedades mais favorecidas por momentos de preços melhores quanto em outras prejudicadas por situações desfavoráveis com preço de soja desfavorável e milho safrinha ainda pouco expressivo.

O sistema Integração Lavoura, Pecuária e Floresta se mostra importante pela diversificação das fontes de renda, principalmente numa atividade em que o produtor precisa pensar a longo prazo e ter consciência dos riscos incontroláveis do curto prazo, como clima, dólar e custos. Integração Lavoura, Pecuária e Floresta um bom negócio para o produtor e para o país.


 

 

Avanço tecnológico do agronegócio chega à Revolução 4.0

Setor agropecuário é pioneiro em introduzir no Brasil a Revolução 4.0, conectando os sistemas. Por Ferraz Jr, publicado no Jornal da USP

A inovação tem sido uma das principais alavancas do agronegócio brasileiro, que o transforma no sucesso que é entre os vários setores da economia e ainda o torna referência em todo o mundo.

O campo está cada dia mais digitalizado e sua cobertura pela internet se espalha rapidamente em todo o território nacional. As propriedades rurais, cada vez mais, são administradas por jovens altamente conectados.

Para muita gente que não tem intimidade com a rotina do campo, pode parecer novidade, mas na verdade tudo isso começa a ser coisa do passado. O que se discute hoje não é a solução digital para um determinado setor do agronegócio, mas a sua conectividade.

É a Revolução 4.0 que entra no radar, ou seja, sistemas que se comuniquem entre si. Um exemplo dessa nova realidade é a AgTech Valley, uma espécie de Vale do Silício do Agronegócio, que funciona em Piracicaba, onde se encontra a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. São 60 startups e outras 80 empresas de inovação tecnológica que se dedicam ao setor.

O professor Mateus Mondin, do Departamento de Genética da Esalq, um dos incentivadores da AgTech Valley, explica que a era da digitalização como tendência é o retorno à tecnologia dos produtos, a biotecnologia. Os transgênicos, pioneiros nessa área, também são coisas do passado. Ouça a entrevista no link acima.


 

A AGRICULTURA PREDITIVA

A agricultura e a pecuária serão impactadas radicalmente por tecnologias como inteligência artificial, robótica e automação, big data, dispositivos sensoriais, blockchain e outras inovações que possibilitem maior previsibilidade, produtividade e eficiência. Está chegando uma nova revolução no campo, conhecida como agricultura preditiva.