Introdução do livro STFU: Shut The Fuck Up – Aumente sua eficiência de comunicação pessoal e profissional com o simples hábito de CALAR A BOCA e ESCUTAR

Confira nesse artigo a tradução da introdução do livro STFU

Resumo do livro:

STFU é um dos Livros mais vendidos segundo o jornal New York Times; o livro é uma reflexão crítica e bem-humorada sobre os males do excesso de fala no mundo moderno — especialmente nas esferas profissional, digital e interpessoal. Dan Lyons, um autoassumido “tagarela em recuperação”, defende o poder transformador do silêncio e da escuta ativa como práticas de autoconhecimento, liderança eficaz, relacionamentos saudáveis e bem-estar emocional

Índice:

Introdução:

Estou te dizendo isso como amigo, então, por favor, não leve para o lado errado. Mas eu quero que você cale a boca. Não por mim. Por você.

Aprender a calar a boca vai mudar sua vida. Vai te tornar mais inteligente, mais simpático, mais criativo e mais poderoso. Pode até te ajudar a viver mais. Pessoas que falam menos têm mais chances de serem promovidas no trabalho e de se saírem melhor em negociações. Falar com intenção — ou seja, não sair despejando qualquer coisa — melhora nossos relacionamentos, nos torna pais melhores e pode aumentar nosso bem-estar psicológico e até físico. Alguns anos atrás, pesquisadores da Universidade do Arizona descobriram que pessoas que falam menos e têm conversas mais significativas são mais felizes do que as outras. Tanto que escreveram que boas conversas podem ser “um ingrediente-chave para uma vida satisfatória”.

Por outro lado, falhar em calar a boca com certeza vai te ferrar.

Pode acreditar, eu falo por experiência própria. Sempre fui um falador compulsivo, e isso me custou caro — em um caso, milhões de dólares. O problema não é só que eu falo demais; é que nunca resisti a dizer coisas inadequadas e a opinar quando não devia. Muitas vezes eu sabia, no exato momento em que falava, que iria me arrepender. Mas falava mesmo assim.

Felizmente, durante boa parte da minha carreira, trabalhei como jornalista, cobrindo tecnologia para a Forbes e a Newsweek. Jornalistas faladores sobrevivem — na verdade, quase não dá pra fazer esse trabalho se você não for incômodo o suficiente para dizer o que os outros não querem ouvir. Paralelamente, comecei a escrever comédia, outro campo ótimo para quem não consegue ficar calado. Escrevi um blog onde fingia ser o Steve Jobs, o CEO da Apple, com um humor meio ácido. Isso me levou a um contrato de livro, que me levou a um projeto de série, que me levou a ser roteirista da série da HBO Silicon Valley. Quanto mais irresponsável eu era, mais minha carreira avançava.

Claro que a conta chegou. Me achei esperto e entrei numa startup de software com promessa de IPO, num cargo de marketing, pensando em ganhar uma fortuna. Salário ótimo, benefícios incríveis, um pacote generoso de ações. Mas havia uma condição: eu tinha que ficar lá por quatro anos. E o mundo corporativo não tolera “salinidade”.

Um amigo jornalista me avisou:

— “Você vai ter que morder a língua. Muito.”

— “Eu sei. Mas eu consigo.”

— “Boa sorte. Mas duvido que dure um ano.”

Tentei. Mas um post impulsivo no Facebook criticando o CEO me custou o emprego depois de vinte meses. Se tivesse ficado os quatro anos e mantido as ações, teria hoje oito milhões de dólares.

Esse foi meu maior desastre financeiro, mas não o único. Minha compulsividade em falar também quase destruiu meu casamento. Morando sozinho, fiz uma espécie de “inventário moral rigoroso” — como dizem no Alcoólicos Anônimos — e percebi que falar demais estava atrapalhando toda a minha vida.

Foi então que comecei a me perguntar:

  • Por que algumas pessoas falam compulsivamente?
  • E como podemos corrigir isso?

Descobri que todos nós temos a ganhar ao falar menos, ouvir mais e nos comunicarmos com intenção. Falar menos pode melhorar não só a nossa vida, mas também a das pessoas ao nosso redor.

Todos somos faladores demais

Vivemos cercados de faladores. Aquela pessoa do escritório que arruina sua segunda-feira contando tudo o que fez no fim de semana. O chato que domina o jantar e faz todo mundo sonhar em colocar veneno no vinho dele. O vizinho que aparece sem avisar e conta as mesmas histórias pela milésima vez. O comediante que solta um comentário racista e perde a carreira. O CEO que tuita besteira e é acusado de fraude.

Na verdade, a maioria de nós também é assim.

A culpa não é só nossa. Vivemos numa sociedade que estimula isso — que mede sucesso pelo quanto de atenção conseguimos atrair: seguidores, virais, TED Talks. São milhões de podcasts (mais de 48 milhões de episódios), mas metade deles tem menos de 26 ouvintes! Milhares de eventos TEDx, bilhões de reuniões inúteis. Falamos por falar.

Mas os mais bem-sucedidos fazem o oposto:

Falam menos. Pensam antes de falar.

Tim Cook (Apple) faz longas pausas em conversas. Jack Dorsey, criador do Twitter, quase não o usa. Ruth Bader Ginsburg pensava tanto antes de falar que seus assessores usavam a “regra dos dois Mississippis” para esperar antes de responder. Ela estava apenas pensando profundamente.

Fale menos, consiga mais.

Esse livro é sobre isso.

Os 5 Caminhos para calar a boca

Calar a boca parece fácil, mas exige concentração. É como estar num país estrangeiro onde você só entende metade do que dizem. É exaustivo.

Por isso, é melhor começar devagar. Eu trato o STFU como uma prática diária, como meditação. Assim como meditamos prestando atenção à respiração, eu presto atenção à maneira como falo. Falo mais baixo, mais devagar, e uso… pausas… longas.

A seguir, os Cinco Caminhos para Calar a Boca:

  1. Sempre que possível, não diga nada.

Palavras são como dinheiro: gaste com sabedoria.

  1. Domine o poder da pausa.

Faça como RBG: respire, espere dois segundos. A pausa tem poder. RBG é um apelido nos EUA de Ruth Bader Ginsburg, a segunda mulher a ser confirmada pelo Senado para a Suprema Corte dos EUA.

  1. Saia das redes sociais.O primo do falador compulsivo é o “tuitador” compulsivo. Se não puder sair, reduza ao máximo.
  2. Busque o silêncio.

O barulho nos adoece. Desconecte. Descanse o cérebro. Fique em silêncio.

  1. Aprenda a ouvir.

Ouvir de verdade é um superpoder. Preste atenção total. Isso muda relações.

Você não vai acreditar no que acontece depois

Nem sempre consigo manter isso, mas quando consigo, os resultados são mágicos. Me sinto mais calmo, menos ansioso. Minha filha adolescente conversa comigo na varanda. Rimos juntos. Ela se abre, fala dos medos, dos sonhos, das dúvidas. E resolve as coisas por conta própria. Eu só escuto.

Descubro que admiro ela — e que sou inspirado por ela.

Aprender a calar a boca é uma forma de resistir a um mundo que nos força a falar demais. Este livro mostra como aplicar isso no trabalho, nos relacionamentos e em casa. Falar menos vai te tornar mais poderoso. Ouvir vai transformar sua vida.

O Método STFU não é mágica, mas funciona. Vai te deixar um pouco mais feliz, saudável e bem-sucedido. Você ainda vai escorregar — e tudo bem. Somos humanos.

Mas amanhã… você vai fazer melhor.

A Escala do Falador Compulsivo (Talkaholic Scale)

Quando comecei a tentar resolver meu problema com o excesso de fala, descobri que pesquisadores da comunicação definiram uma condição chamada “talkaholism” — uma forma extrema e compulsiva de falar demais, semelhante a um vício.

Eles criaram o seguinte questionário de autoavaliação para identificar pessoas que sofrem com essa condição.

Responda às dezesseis perguntas e, em seguida, siga as instruções ao final para calcular sua pontuação. Para conferir os resultados, peça a alguém que te conheça bem para responder sobre você e calcular a pontuação com base nas impressões dela.

Aviso: isso pode ser constrangedor.

Escala do falador compulsivo

Instruções:

Este questionário contém dezesseis afirmações sobre o comportamento de fala. Indique o grau em que cada uma dessas características se aplica a você, marcando na linha antes de cada item:

  •  (5) Concordo totalmente
  •  (4) Concordo
  •  (3) Indeciso
  •  (2) Discordo
  •  (1) Discordo totalmente

Não há respostas certas ou erradas. Responda rapidamente, seguindo sua primeira impressão.

______________ 1. Frequentemente fico calado mesmo sabendo que deveria falar.

______________ 2. Às vezes falo mais do que deveria.

______________ 3. Frequentemente falo quando deveria ficar calado.

______________ 4. Às vezes fico calado mesmo sabendo que seria vantajoso falar.

______________ 5. Eu sou um “falador compulsivo”.

______________ 6. Às vezes sinto que sou forçado a ficar calado.

______________ 7. No geral, falo mais do que deveria.

______________ 8. Eu sou um falador compulsivo.

______________ 9. Não sou falador; raramente falo em situações de comunicação.

______________10. Bastante gente já disse que eu falo demais.

______________11. Simplesmente não consigo parar de falar demais.

______________12. No geral, falo menos do que deveria.

______________13. Eu não sou um “falador compulsivo”.

______________14. Às vezes falo quando seria melhor ficar calado.

______________15. Às vezes falo menos do que deveria.

______________16. Eu não sou um falador compulsivo.

 

Pontuação:

Para determinar sua pontuação, siga os passos abaixo:

Passo 1. Some as pontuações dos itens: 2, 3, 5, 7, 8, 10, 11 e 14

Passo 2. Some as pontuações dos itens: 13 e 16

Passo 3. Use a fórmula a seguir: Pontuação Talkaholic = 12 + (resultado do Passo 1) – (resultado do Passo 2)

Os itens 1, 4, 6, 9, 12 e 15 são perguntas de preenchimento e não entram no cálculo final.

Interpretação da pontuação:

  •  A pontuação final estará entre 10 e 50.
  •  A maioria das pessoas pontua abaixo de 30.

 Quem pontua entre 30 e 39 está na faixa limítrofe: normalmente consegue controlar a fala, mas às vezes acaba falando demais, mesmo quando seria mais vantajoso ficar calado.

Quem pontua acima de 40 é considerado um falador compulsivo (talkaholic).

STFU


Fonte:

Capítulo 1 do livro STFU: THE POWER OF KEEPING YOUR MOUTH SHUT IN AN ENDLESSLY NOISY WORLD, do autor Daniel Lyons

Tradução: ChatGPT