Análise do valor de brand equity

Um dos ativos intangíveis mais valiosos de uma empresa é sua marca, e compete ao marketing gerenciar adequadamente seu valor (brand equity). Desenvolver uma marca forte é tanto uma arte quanto uma ciência. Requer planejamento cuidadoso e profundo comprometimento de longo prazo, além de um marketing planejado e executado com criatividade. Marcas fortes geram intensa fidelidade do consumidor — e sua essência é um excelente produto.

Os profissionais de marketing das marcas de sucesso do século XXI precisam se sobressair na gestão estratégica de marca, um processo que associa o desenvolvimento e a implementação de atividades de marketing com programas de desenvolvimento, mensuração e gestão de marcas com o objetivo de maximizar seu valor.

O processo de gestão estratégica de marca envolve quatro etapas principais:

  • Identificação e definição do posicionamento da marca.
  • Planejamento e implementação do marketing da marca.
  • Mensuração e interpretação do desempenho da marca.
  • Crescimento e sustentação do valor da marca.

O que é brand equity?

Talvez a habilidade mais distintiva de um profissional de marketing seja sua capacidade de criar, manter, aprimorar e proteger as marcas.

Marcas consagradas como Mercedes, Sony e Nike têm praticado um preço premium e suscitado uma profunda lealdade em clientes ao longo dos anos. Marcas mais recentes, como POM Wonderful, SanDisk e Zappos, capturaram tanto a imaginação dos consumidores quanto o interesse da comunidade financeira.

A American Marketing Association (AMA) define marca como “um nome, termo, sinal, símbolo ou design, ou uma combinação de tudo isso, destinado a identificar os bens ou serviços de um fornecedor ou de um grupo de fornecedores para diferenciá-los dos de outros concorrentes”.

valor patrimonial da marca

Uma marca é, portanto, um bem ou serviço que agrega dimensões que, de alguma forma, o diferenciam de outros produtos desenvolvidos para satisfazer a mesma necessidade. Essas diferenças podem ser funcionais, racionais ou tangíveis — isto é, relacionadas com o desempenho do produto. E podem também ser mais simbólicas, emocionais ou intangíveis — isto é, relacionadas com aquilo que a marca representa ou significa em termos abstratos.

O branding existe há séculos como meio de distinguir os produtos de um fabricante dos de outro.

Os sinais mais antigos de branding na Europa eram as exigências das associações medievais de que os artesãos colocassem marcas em seus produtos para protegerem a si mesmos e aos consumidores contra produtos de qualidade inferior. Nas belas-artes, o branding teve início quando os artistas passaram a assinar suas obras.

Hoje em dia, as marcas representam diversos papéis importantes que melhoram a vida dos consumidores e incrementam o valor financeiro das empresas.

O papel das marcas

As marcas identificam a origem ou o fabricante de um produto, e permitem que os consumidores — sejam indivíduos ou organizações — atribuam a responsabilidade pelo desempenho de um produto a determinado fabricante ou distribuidor. Os consumidores podem avaliar um produto idêntico de forma diferente, dependendo de como sua marca é estabelecida. Eles conhecem as marcas por meio de experiências anteriores com o produto e com o plano de marketing do produto, identificando quais satisfazem suas necessidades e quais deixam a desejar.

À medida que a vida das pessoas se torna mais complexa, agitada e corrida, a capacidade que as marcas têm de simplificar a tomada de decisões e reduzir riscos se torna inestimável.

  • As marcas também desempenham funções valiosas para as empresas.

Em primeiro lugar, simplificam o manuseio ou o rastreamento de produtos e ajudam a organizar os estoques e a contabilidade. Além disso, oferecem à empresa proteção jurídica quanto aos recursos ou aspectos exclusivos do produto.

O nome da marca pode ser protegido por marcas registradas, os processos de manufatura podem ser protegidos por patentes e as embalagens podem ser protegidas por direitos autorais e designs registrados. Esses direitos de propriedade intelectual asseguram que a empresa invista na marca com segurança e tire proveito dos benefícios desse valioso ativo.

As marcas que inspiram confiança sinalizam determinado nível de qualidade e, dessa maneira, consumidores satisfeitos podem facilmente optar de novo pelo produto. A fidelidade à marca proporciona à empresa previsibilidade e segurança de demanda, além de criar barreiras que tornam mais difícil para outras empresas ingressar no mercado. A fidelidade também significa disposição para pagar um preço mais alto — normalmente de 20 a 25 por cento a mais.

Ainda que os concorrentes possam reproduzir um processo de fabricação ou um design, terão dificuldade em se equiparar às impressões duradouras formadas na mente de pessoas e organizações graças a anos de atividade de marketing e experiência com o produto.

Nesse sentido, o branding pode ser visto como um meio poderoso de garantir vantagem competitiva. Às vezes, os profissionais de marketing só percebem a real importância da fidelidade à marca quando mudam um elemento crucial dela, como ilustra o agora clássico caso da New Coke.

Positivos ou negativos, os efeitos do branding são penetrantes. Um estudo, que provocou muito debate quanto aos efeitos do marketing sobre as crianças, revelou que aquelas em idade pré-escolar sentiam que produtos idênticos do McDonald’s — até mesmo cenoura, leite e suco de maçã — tinham um sabor melhor quando acondicionados em embalagens conhecidas do McDonald’s do que em outras sem marca.

lanche do mcdonalds

Para as empresas, as marcas representam uma propriedade legal incrivelmente valiosa que pode influenciar o comportamento do consumidor, ser comprada e vendida e, ainda, oferecer a segurança de receitas futuras e estáveis para seu proprietário.

Quantias generosas são pagas por marcas em fusões e aquisições, muitas vezes justificadas pela premissa da expectativa de lucros extras, assim como pela dificuldade e despesa envolvida na criação de marcas semelhantes a partir do zero.

Wall Street acredita que marcas fortes resultam em melhor desempenho em termos de ganhos e lucros para as empresas, o que, por sua vez, gera maior valor para os acionistas.

O escopo do branding

Mas como se coloca uma “marca” em um produto? Embora as empresas impulsionem a criação da marca por meio de planos de marketing e outras atividades, em última análise, a marca é algo que se instala na mente dos consumidores. Trata-se de uma entidade perceptiva que tem origem na realidade, mas reflete as percepções e talvez até as idiossincrasias dos consumidores.

Branding significa dotar bens e serviços com o poder de uma marca. Tem tudo a ver com criar diferenças. Os profissionais de marketing precisam ensinar aos consumidores “quem” é o produto — batizando-o e utilizando outros elementos de marca para identificá-lo —, a que ele se presta e por que o consumidor deve se interessar por ele.

O branding diz respeito a criar estruturas mentais e ajudar o consumidor a organizar seu conhecimento sobre os produtos de modo a tornar sua tomada de decisão mais clara e, nesse processo, gerar valor à empresa. Para que as estratégias de branding sejam bem-sucedidas e o valor da marca seja criado, os consumidores devem ser convencidos de que existem diferenças significativas entre as marcas que pertencem a uma categoria de produto.

As diferenças entre as marcas muitas vezes estão relacionadas aos atributos ou às vantagens do produto em si. Gillette, Merck e 3M foram líderes em suas categorias de produto durante décadas devido, em parte, à contínua inovação. Outras marcas criam vantagem competitiva por meio de fatores não relacionados ao produto.

Gucci, Chanel e Louis Vuitton se tornaram líderes em suas categorias ao compreender as motivações e os desejos do consumidor e criar imagens relevantes e cativantes para seu produto. O branding pode ser aplicado praticamente em qualquer campo no qual o consumidor tenha opções.

É possível por exemplo colocar uma marca em:

  • um bem físico (automóveis Flex da Ford ou o medicamento para colesterol Lipitor);
  • um serviço (Singapore Airlines ou seguro-saúde BlueCross/BlueShield);
  • uma loja (a de departamentos Nordstorm ou a especializada Foot Locker);
  • uma pessoa (a atriz Angelina Jolie ou o tenista Roger Federer);
  • um local (a cidade de Sydney ou o país Espanha);
  • uma organização (U2 ou a American Automobile Association);
  • uma ideia (legalização do aborto ou livre comércio).

Definição de brand equity

O brand equity é o valor agregado atribuído a bens e serviços. Esse valor pode se refletir no modo como os consumidores pensam, sentem e agem em relação à marca, bem como nos preços, na participação de mercado e na lucratividade gerada pela marca.

Executivos e pesquisadores de marketing partem de diversas perspectivas para estudar o brand equity.

Abordagens baseadas no cliente o analisam sob a perspectiva do consumidor — seja uma pessoa, seja uma organização —, e admitem que o poder de uma marca está naquilo que os clientes veem, leem, escutam, aprendem, pensam e sentem sobre ela ao longo do tempo.

O brand equity baseado no cliente pode ser definido como o efeito diferencial que o conhecimento de uma marca exerce sobre a resposta do consumidor ao marketing dessa marca.

Uma marca possui brand equity positivo baseado no cliente se os consumidores reagem mais favoravelmente a um produto e à forma como ele é divulgado quando a marca é identificada, do que quando ela não é identificada. De modo análogo, podemos dizer que a marca possui brand equity negativo baseado no cliente se os consumidores reagem menos favoravelmente à atividade de marketing da marca sob as mesmas circunstâncias.

Existem três ingredientes fundamentais para essa definição.

1. O brand equity surge de diferenças na resposta do consumidor. Se não há diferenças, o nome de marca do produto pode ser classificado basicamente como uma commodity, e é provável que a concorrência se baseie em preços.

2. Essas diferenças na resposta são resultado do conhecimento que o consumidor tem da marca, todos os pensamentos, sensações, imagens, experiências e crenças associados a ela. As marcas devem criar associações fortes, favoráveis e exclusivas com os clientes, como é o caso da Toyota (confiabilidade), da Hallmark (consideração) e da Amazon.com (conveniência).

3. O brand equity se reflete em percepções, preferências e comportamentos relacionados com todos os aspectos do marketing de uma marca. Marcas mais fortes levam a maior receita.

A lista vermelha abaixo resume os principais benefícios do brand equity.


Vantagens de marketing que uma marca forte proporciona

  • Melhor percepção de desempenho do produto
  • Maior fidelidade
  • Menor vulnerabilidade às ações de marketing da concorrência
  • Menor vulnerabilidade às crises de marketing
  • Maiores margens
  • Menos sensibilidade do consumidor aos aumentos de preço
  • Mais sensibilidade do consumidor às reduções de preço
  • Maior cooperação e suporte comercial
  • Mais eficácia das comunicações de marketing
  • Possíveis oportunidades de licenciamento
  • Oportunidades adicionais de extensão de marca
  • Melhor recrutamento e retenção de funcionários
  • Maiores retornos financeiros de mercado

Assim, o desafio dos profissionais de marketing na construção de uma marca forte é garantir que os clientes tenham experiências adequadas com bens e serviços e seus planos de marketing, a fim de criar as estruturas desejadas de conhecimento da marca.

Em um sentido abstrato, o brand equity pode ser entendido como algo que oferece às empresas uma “ponte” estratégica vital entre seu passado e seu futuro. Os gastos anuais em marketing com bens e serviços também devem ser considerados investimentos no conhecimento da marca por parte do consumidor.

A qualidade do investimento é o fator crítico, mas não necessariamente a quantidade (respeitando-se certo valor mínimo). Na verdade, é possível até “gastar excessivamente” na construção de uma marca, se o dinheiro não for aplicado com sabedoria.

O conhecimento da marca dita o direcionamento futuro mais adequado para ela. A promessa de marca representa a visão da empresa sobre o que a marca deve significar e realizar para os consumidores. Estes vão decidir, com base no que pensam e sentem sobre a marca, para onde (e como) acreditam que ela deva seguir e, assim, dar seu aval (ou não) a qualquer ação ou programa de marketing.

Produtos novos no mercado norte-americano como a aspirina Bengay, o cereal Cracker Jack, a limonada Frito-Lay, o lava-roupas Fruit of the Loom e o ketchup premium da Smucker fracassaram porque os consumidores os consideraram inadequados como extensões da marca.

Modelos de brand equity

Embora haja um consenso entre os profissionais de marketing sobre os princípios básicos de branding, diversos modelos de brand equity oferecem perspectivas distintas. A seguir, resumimos três dos mais aceitos.

Modelo 1: Brandasset Valuator

A agência de propaganda Young and Rubicam (Y&R) desenvolveu um modelo de brand equity denominado BrandAsset Valuator (BAV — avaliador de ativo de marca). Com base em uma pesquisa com quase 800 mil consumidores em 51 países, o BAV oferece medidas comparativas de brand equity de milhares de marcas, em centenas de categorias.

De acordo com o BAV, o brand equity tem quatro pilares ou componentes-chave:

  • Diferenciação potencial, que mede o grau em que uma marca é vista como diferente das outras e a percepção de sua tendência de valorização e liderança.
  • Relevância, que mede a adequação e a amplitude do apelo da marca.
  • Estima, que mede as percepções de qualidade e fidelidade ou quanto a marca é conceituada e respeitada.
  • Conhecimento, que mede o quanto os consumidores conhecem e se sentem familiarizados com a marca.

Juntas, a diferenciação potencial e a relevância determinam a força da marca — o principal indicador que prevê seu crescimento futuro e valor. Já estima e conhecimento formam a reputação da marca, uma espécie de “boletim” do desempenho anterior e um indicador do valor presente.

A análise das relações entre essas dimensões — o “padrão de pilar” da marca — revela muito sobre a sua situação atual e futura. A força potencial e a reputação da marca podem ser combinadas para formar uma tabela de poder que descreve os estágios no ciclo de desenvolvimento da marca em quadrantes sucessivos.

Novas marcas fortes costumam exibir níveis mais altos de diferenciação potencial do que de relevância, ao passo que estima e conhecimento ainda permanecem mais baixos. Marcas de liderança exibem níveis altos em todos os pilares. Finalmente, as marcas em declínio demonstram alto conhecimento — indício de desempenho passado —, baixo nível de estima e níveis ainda mais baixos de relevância potencial e diferenciação.

modelo de criacao de brand equity

De acordo com a análise do BAV, os consumidores concentram sua devoção e poder de compra em um portfólio cada vez menor de marcas especiais — marcas com diferenciação potencial que não param de evoluir. Essas marcas se conectam melhor com os consumidores — promovendo maior fidelidade de uso e poder de determinação de preço e criando maior valor para o acionista.

Uma quantia hipotética de US$ 10 mil investida nas 50 maiores marcas potenciais cresceu 12 por cento, enquanto o índice S&P 500 (índice que mede a evolução das 500 maiores e mais importantes ações do mercado) sofreu queda de quase 20 por cento entre 31 de dezembro de 2001 e 30 de junho de 2009.

grafico o universo de desempenho da marca

Modelo 2: Brandz

As consultorias de pesquisa de marketing Millward Brown e WPP criaram o modelo BRANDZ de força de marca, parte central do que chamaram pirâmide BrandDynamics. De acordo com esse modelo, a construção da marca envolve uma série sequencial de etapas. Para qualquer marca, cada entrevistado é designado a um nível da pirâmide, dependendo de suas respostas a um conjunto de perguntas. A pirâmide BrandDynamics mostra o número de consumidores que atingiram cada nível.

• Presença.

Familiaridade ativa baseada em experiência passada, evidência ou conhecimento da promessa de marca.

• Relevância.

Relevância para as necessidades do consumidor, na faixa de preço certa ou no conjunto em consideração.

• Desempenho.

Crença de que oferece um desempenho aceitável e está na lista de produtos pré-selecionados do consumidor.

• Vantagem.

Crença de que a marca tem uma vantagem emocional ou racional sobre outras marcas da categoria.

• Vínculo.

Ligações racionais e emocionais com a marca em detrimento da maioria das outras marcas.

brand equity piramide analise da marca

Os consumidores que criaram “vínculo”, isto é, aqueles localizados no topo da pirâmide constroem relacionamentos mais fortes com a marca e lhe destinam uma porção maior de seus gastos na categoria do que aqueles localizados nos níveis inferiores da pirâmide. Entretanto, o maior número de consumidores está localizado nos níveis mais baixos e o desafio dos profissionais de marketing é desenvolver atividades e programas que levem os consumidores a galgar a pirâmide.

Modelo 3: Ressonância de Marca

O modelo de ressonância de marca também vê a construção da marca como uma série sequencial e ascendente de etapas, de baixo para cima:

  1. assegurar que os clientes identifiquem a marca e a associem a uma classe de produtos ou a uma necessidade específica;
  2. estabelecer com solidez o significado da marca na mente dos clientes, vinculando estrategicamente a ela uma série de associações tangíveis e intangíveis;
  3. obter as respostas adequadas do cliente no tocante a avaliações e sensações relacionadas com a marca; e
  4. converter a resposta de marca dos clientes em uma fidelidade ativa e intensa.

Segundo esse modelo, para executar essas quatro etapas é preciso erguer uma pirâmide de seis “alicerces de marca”, como ilustra abaixo:

grafico piramide de ressonancia da marca

O modelo enfatiza a dualidade das marcas — a rota racional para a construção da marca está no lado esquerdo da pirâmide, enquanto a rota emocional fica no lado direito.22 A MasterCard é um exemplo de marca com dualidade, uma vez que enfatiza a vantagem racional do cartão de crédito — ser aceito em estabelecimentos no mundo todo — e a vantagem emocional transmitida por sua premiada campanha publicitária “Não tem preço” (“Existem coisas que o dinheiro não compra, para todas as outras existe MasterCard”).

Para criar um brand equity significativo, é preciso atingir o topo da pirâmide de marca, o que ocorrerá apenas se os alicerces adequados forem estabelecidos.

  • A proeminência da marca está relacionada com a frequência e a facilidade com que ela é evocada em diversas situações de compra ou consumo.
  • O desempenho da marca diz respeito ao modo como o produto atende às necessidades funcionais do cliente.
  • A imagem da marca descreve as propriedades extrínsecas do produto, incluindo as formas pelas quais a marca tenta atender às necessidades psicológicas ou sociais do cliente.
  • Os julgamentos da marca se concentram nas opiniões e avaliações pessoais do cliente.
  • As sensações da marca são respostas e reações emocionais dos clientes à marca.
  • A ressonância da marca se refere à natureza do relacionamento que os clientes mantêm com a marca e mede até que ponto eles se sentem “em sincronia” com ela. A ressonância se caracteriza pela intensidade do vínculo psicológico dos clientes com a marca, bem como pelo nível de atividade gerado por essa fidelidade.

Alguns exemplos de marcas com alta ressonância são Harley-Davidson, Apple e eBay. A Fox News constatou que os níveis mais elevados de ressonância e engajamento gerados por seus programas costumam levar a um maior recall da propaganda que ela veicula.


Fonte: Livro Administração de Marketing, por Philip Kotler


Exemplo do brand Equity da Lululemon

Ao participar de aulas de ioga, o empresário canadense Chip Wilson observou que as roupas feitas com tecido misto de algodão com poliéster que a maioria de seus colegas usava eram muito desconfortáveis. Depois de criar uma roupa preta que se ajustava ao corpo e era resistente ao suor, ele também decidiu abrir um estúdio de ioga, e assim nasceu a Lululemon.

logotipo lululemon

A empresa vem adotando uma abordagem de marketing local para o crescimento, que cria um forte vínculo emocional com seus clientes. Antes de abrir uma loja em uma cidade nova, a Lululemon identifica professores de ioga ou ginástica que sejam influentes na comunidade. Em troca de um ano em roupas da loja, esses iogues atuam como “embaixadores” da marca, convidando alunos para aulas e eventos de vendas de produtos patrocinados pela Lululemon.

roupa lululemon

Eles também prestam consultoria de design de produto para a empresa. A devoção dos clientes Lululemon, que beira o culto, é evidente em sua disposição de pagar US$ 92 por um par de calças de treino que podem custar menos, de US$ 60 a US$ 70, em lojas da Nike ou da Under Armour.

A Lululemon consegue vender até US$ 1.800 em produtos por metro quadrado em suas quase 100 lojas, o triplo do que vendem varejistas estabelecidos como Abercrombie & Fitch e J. Crew. Após enfrentar alguns desafios relacionados com estoques, a empresa busca a expansão para além de roupas e acessórios para a prática da ioga, visando produtos similares em outros esportes como corrida, natação e ciclismo.


Brand Equity da Coca-Cola

Bombardeada por uma série de testes de sabor conduzidos em nível nacional pela Pepsi-Cola, que era mais doce, em 1985 a Coca-Cola decidiu substituir sua antiga fórmula por uma variação mais adocicada, batizada de New Coke. Foram gastos US$ 4 milhões em pesquisa de mercado.

lata new coke coca cola

Testes cegos mostraram que os consumidores de Coca-Cola preferiam a fórmula nova, mais doce, mas o lançamento da New Coke provocou uma comoção nacional. Os pesquisadores de mercado haviam avaliado o sabor, mas não o apego emocional dos consumidores à Coca-Cola.

Cartas de indignação, protestos formais e até mesmo ameaças de ação judicial obrigaram à manutenção de “The real thing” (“O verdadeiro sabor”). Dez semanas depois do lançamento, a empresa retirou a New Coke do mercado e reintroduziu sua fórmula centenária rebatizada como Classic Coke, um movimento que, ironicamente, pode ter rendido à velha fórmula um status ainda mais forte no mercado.


Brand Equity de Shaun White

A lenda dos esportes radicais Shaun White passou por três cirurgias de coração antes de completar um ano de idade. Mais tarde, sobreviveu a colisões em pleno ar e a quedas graves em competições ao longo de sua trajetória para se tornar campeão de skate e medalhista de ouro em jogos olímpicos em snowboarding. Vencedor em dois esportes, passou a ser patrocinado pelo fabricante de equipamentos e acessórios Burton quando tinha apenas sete anos de idade. Sua simpatia, espontaneidade e perspicácia nos negócios fizeram dele um dos maiores divulgadores do mercado jovem, estimado em US$ 150 bilhões.

A White Collection de roupa profissional de inverno de alto preço é uma das campeãs de vendas da Burton; a HP usou White para comercializar laptops e TVs de tela plana (que também exibem o videogame Shaun White Snowboarding criado pela Ubisoft); o óculos de proteção assinado por White se tornou o mais vendido da Oakley; a coleção Shaun White 4 Target da rede de lojas Target foca em street wear e skateboarding para o mercado de massa; e o patrocinador de longa data Red Bull filmou a viagem de snowboarding de White pelo Japão e lançou o vídeo na MTV e em DVD no varejo.


Brand Equity da Virgin America

Apesar de ter entrado para o setor de voos comerciais há poucos anos, a Virgin America se tornou uma companhia aérea premiada que os passageiros adoram e que dá lucro. Não é incomum a empresa receber e-mails de clientes dizendo que eles realmente queriam que seus voos durassem mais tempo!

propaganda virgin america

A Virgin America se propôs a reinventar a experiência de viagem como um todo, começando com um site e um sistema de check-in simples e amigável. Durante o voo, os passageiros se deleitam com Wi-Fi, poltronas de couro espaçosas, iluminação ambiente e painéis touch screen para pedidos de comida e bebida sem sair do assento.

Alguns passageiros comentam que a Virgin America é como “voar em um iPod ou discoteca”. Sem uma campanha nacional de TV, a empresa conta com relações públicas, propaganda boca a boca, mídia social e um atendimento exemplar para criar uma experiência extraordinária aos clientes e construir sua marca. Como o vice-presidente de marketing Porter Gale observa: “A maior parte do envolvimento com mídia social consiste em responder, ouvir e interagir com os fãs, o que é importante porque desenvolve fidelidade”.


O exemplo da marca Olive Garden

A promessa de marca do Olive Garden é “uma típica refeição familiar italiana”, caracterizada por uma “deliciosa comida italiana fresca e simples”, “acompanhada por uma excelente taça de vinho” e servida por “pessoas que tratam os clientes como alguém da família”, “em um aconchegante ambiente familiar”.

propaganda olive garden restaurante

Para corresponder a essa promessa de marca, a rede de restaurantes já enviou mais de 1.110 de seus gerentes gerais e atendentes para viagens de imersão cultural na Itália; inaugurou o Culinary Institute of Tuscany (Instituto de Culinária da Toscana), na Itália, para inspirar a criação de novos pratos e ensinar a seus funcionários técnicas da autêntica cozinha italiana; oferece workshops sobre vinhos para sua equipe e eventos de degustação para os clientes; por fim, reformou os restaurantes, dando-lhes um toque de uma casa de campo toscana. As comunicações englobam mensagens internas, para os funcionários e em mídia de massa, que, em conjunto, reforçam a promessa de marca e seu slogan “When You’re Here, You’re Family” (“Aqui, você faz parte da família”).

Fontes: Livro Administração de Marketing, por Philip Kotler; MCCONNON, A. Lululemon’s next workout. BusinessWeek, p. 43-44, 9 jun. 2008; SACKS, D. Lululemon’s cult of selling. Fast Company, mar. 2009; URSTADT, B. Lust for Lulu. New York Magazine, 26 jul. 2009.